Bate e volta a Ronda - Espanha

Vamos voltar um pouco no tempo para falar sobre outro bate e volta interessante que fizemos a partir de Málaga.

Ronda fica próxima a vários destinos turísticos interessantes, como Cádiz, Canal de Gilbratar, e outros para fazer bate-e-volta a partir de Málaga. Escolhemos Ronda para conhecermos nesse esquema, no dia 13 de abril. Compramos o pacote pela internet pela mesma empresa que já havíamos utilizado anteriormente, a Get Your Guide https://www.getyourguide.com.br/. O ponto de saída de Málaga foi às 7 horas da manhã (na verdade, ainda madrugada, pois naquele período o sol aparece depois desse horário), na Av. Nossa Senhora de Fátima. Solicitamos um táxi e nos dirigimos ao local e lá encontramos dois grupos de pessoas: um que ia a Ronda e outro ao Canal de Gilbratar.

De Málaga a Ronda são, aproximadamente, 102 km, mas o ônibus levou umas 2 horas pra chegar lá, devido à serra, pois a cidade fica situada a 739 metros acima do nível do mar. A viagem foi tranquila e apreciamos belas paisagens na estrada.

Subindo a serra, esse era o visual da estrada...

A primeira parada para visitação foi a Setenil de las Bodegas, na província de Cádiz, pequena comunidade da Andaluzia, com população de 2.016 habitantes. O principal atrativo deste município é a beleza e a originalidade do traçado urbano, que em alto declive desce do castelo adaptando-se ao percurso do rio, o que se confere uma singular disposição com diferentes níveis em altura.

Na parte baixa os habitantes aproveitaram a erosão da rocha pelo rio para construir debaixo da rocha as suas casas. É um tipo de casa denominado “abrigo sob rochas” que, contrariamente a outras construções desenvolvidas na Andaluzia, não escava a rocha, antes se limita a fechar a parede rochosa e desenvolve a residência de forma longitudinal.

As construções incrustadas nas rochas

Ali, ao aproveitar os espaços abertos na rocha devido à erosão natural, fileiras de casinhas brancas, típicas da Andaluzia, misturam-se com paredões e tetos dos rochedos. Em alguns trechos, as pedras chegam a cobrir quase totalmente as ruas. Apesar de parecer estranho estabelecer as construções sob a sombra de rochas gigantes, há algumas razões para isso.

Primeiro, as construções conseguem aproveitar os paredões rochosos como parte de sua própria estrutura. Outro motivo é que a pedra natural ajuda a bloquear o frio e o calor extremos, deixando as temperaturas mais agradáveis. Com esse cenário singular, a pequena cidade conseguiu atrair curiosos do mundo todo e o turismo se tornou uma de suas principais fontes de renda. Hoje, muitas das casas sob as rochas tornaram-se hotéis, bares e restaurantes. 

Após a visita a Setenil de las Bodegas, seguimos para Ronda. Ao chegarmos, o guia dividiu as pessoas em dois grupos para melhor aproveitamento do roteiro: um deles com uma guia falando em espanhol e outro com o guia falando em inglês. Naturalmente, ficamos no grupo com a guia espanhola.

Ronda é uma cidade espanhola, capital do município com o mesmo nome, inserido na província de Málaga, comunidade autônoma da Andaluzia, com população de cerca de 35.000 habitantes. É tida como a cidade-berço das touradas. A cidade é rodeada por vales e rios, e localizada no topo de um desfiladeiro profundo, que iremos comentar mais adiante.

Iniciamos a visitação pela Plaza de Toros de Ronda. A arena de Real Maestranza é uma das mais antigas e pitorescas de Espanha, tendo sido construída em 1785 pelo arquiteto José Martin de Aldehuela, com capacidade para acolher 5 mil espectadores. Esse mesmo arquiteto foi o responsável pela execução da Ponte Nova, que mostraremos mais adiante.



A Praça de Touros de Ronda é uma das maiores e mais antigas do mundo, e foi lá que no século 18, a atividade passou a ter o status de arte. Hoje em dia, as touradas são recriminadas por boa parte da população, mas a visita ao monumento é uma das grande atrações em Ronda.

Construída em 1785, foi a primeira a ser erguida em pedra, numa época em que eram construídas em madeira, para serem derrubadas ao final da temporada. É palco de uma das corridas de touro mais tradicionais da Espanha, que acontece no início de setembro, a “Corrida Goyesca”.

Após a visita à Praça de Touros fomos a uma das mais tradicionais “bodegas” de vinho, a Bodegas Sangre de Ronda. No mesmo local está localizado o Centro de Interpretação do Rinho de Ronda, que foi proposto para promover e desenvolver os interesses dos diversos públicos para o patrimônio cultural dos vinhos da região, incentivando a curiosidade, criatividade e pesquisa, além de apresentar uma imagem positiva dos valores tradicionais dos vinhos.


A degustação é feita através das torneiras de onde saem vinhos das mais variadas espécies.


Foi uma delícia abastecer a taça diretamente da fonte...

Após a visita à bodega de vinho, nos dirigimos para a Ponte, mas antes passamos por uma rua onde consta um painel denominado de VIAJEROS ROMANTICOS, feito em cerâmica que reproduz frases de viajantes românticos que visitaram no passado e se sentiram motivados a demonstrar suas impressões sobre Ronda. A decisão de apresentar essa exposição surgiu em 2013 por ocasião do 6º Congresso de História de Ronda, que neste ano foi dedicado ao Romantismo. Muito interessante!

No mural, as declarações de amor são direcionadas à cidade, e não ao parceiro amoroso

Na sequencia, chegamos à Ponte Nova, que é um dos dois monumentos mais emblemáticos da cidade e, de alguma forma, também da Andaluzia. É uma ponte construída no século XVIII, impressionante pela sua altura de 98 metros, que cruza Tajo de Ronda, um profundo desfiladeiro por onde corre o rio Guadalevín ao longo de 500 metros.


A Ponte Nova, cartão postal da cidade de Ronda, foi um dos cenários escolhidos pela produção da Rede Globo de Televisão para criar a identidade visual de Deus Salve o Rei, primeira novela medieval da emissora. Construída no século 18, essa obra prima da engenharia da época une as partes antiga e moderna do município. É uma visão de tirar o fôlego e passagem obrigatória para quem viaja pela Andaluzia.

Da Ponte Nova ainda é possível apreciar um lindo visual das redondezas da cidade.


Depois dessa maratona turística, fomos almoçar e, em seguida, voltamos ao ponto onde o ônibus nos aguardava. Chegamos a Málaga depois das 19 horas, mas o dia ainda estava bem claro e aproveitamos para circular um pouco pelo lado da cidade que ainda não conhecíamos, e que já contamos nos posts anteriores sobre a cidade.

O que achou desse destino pouco lembrado pelos turistas brasileiros? Conte para nós!

Matilde


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