Chichén Itzá e cenote Ik-Kil: um mergulho na cultura dos povos pré-colombianos

Outro bate e volta feito pela grande maioria dos turistas que visitam Cancún é a ida a Chichén Itzá e ao cenote Ik-Kil. Essas duas atrações ficam no estado de Yucatán, vizinho a Quintana Roo, onde estão Cancún, Playa del Carmen e Tulum, por exemplo. O trajeto é bem longo: percorre-se cerca de 200km até chegar às ruínas de Chichen Itzá. Como todos os outros passeios guiados dessa viagem, fomos com a Travel Ahead e indicamos demais. Na época que fomos, às quartas eles oferecem esse passeio a Yucatán com um guia que fala português. Para quem não se comunica muito bem em espanhol, é uma mão na roda. Vale a pena entrar em contato com a agência para verificar a disponibilidade. Caso prefira, também pode ir de ônibus (indicamos a ADO), como explicamos no post anterior, ou de carro alugado.

Distância entre Cancún e Chichén Itzá. De lá até o cenote, porém, o caminho é bem curto.

Prepare-se para um dia cansativo de viagem: além do longo trajeto, provavelmente você vai pegar muito calor nas paradas. O grupo fez uma parada em Valladolid, uma pequena cidade colonial. No México é comum encontrar algumas cidades homônimas a cidades espanholas, por causa da colonização. A parada foi rápida, mas deu tempo de circular pela parte histórica da cidade, como a Calzada Los Frailes e o Convento de San Bernardino de Siena.

Em frente ao Convento San Bernardino de Siena, uma obra que remonta ao século XVI, feita por franciscanos e que hoje funciona como museu

Além da visita à parte histórica da cidade, o tour também parou numa loja de artesanato local. Muitas dessas lojas também fazem o seu calendário solar maia. Almoçamos num restaurante típico no próprio local, antes de seguir caminho até às ruínas da cidade de Chichén Itzá. Assim como as ruínas de Tulum e os outras zonas arqueológicas do Méximo, essa também é uma área quase totalmente descampada e as temperaturas são escaldantes. Vista roupas leves, use chapéu e protetor solar e leve sempre uma (ou mais kkk) garrafinha de água com você.

Chichén Itzá foi fundada no século 4 a.C., abandonada no século 7 d.C. e reconstruída no século 10 d.C. Viveu o apogeu até o século 13 d.C, quando entrou em decadência. Durante o auge foi o centro político e econômico da civilização maia. Nesse sítio arqueológico fica o principal cartão postal de toda a civilização maia, a Pirâmide de Kukulcán, também chamada de El Castillo, eleita uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno.

Il Castillo - O Templo de Kukulcán

É impressionante ver e ouvir toda a engenhosidade por trás da construção desse templo. A angulação dos degraus para captar e refletir sons e luzes, a representação no ano maia (365 dias) também nos degraus, as formas perfeitas das pirâmides... Tudo isso fascina até aqueles que não se interessam muito por história.

Outros templos, ruínas e atrações de Chichén Itzá são: o Cenote Sagrado (não é possível mergulhar), o Templo dos Guerreiros, a Praça das Mil Colunas, o Observatório (El Caracol), o campo do Jogo de Pelotas, entre outros.

 A Praça das Mil Colunas, cujo nome vem do efeito visual da observação lateral das colunas

Campo do Jogo de Pelotas. No canto superior direito, o arco por onde a bola de borracha deveria passar

O Jogo de Pelotas era um esporte (com forte ligação de rituais) popular entre os povos de grande parte da América Central e do Caribe. O campo de Chichén Itzá era o maior de toda Mesoamérica (inclui partes do México e da América Central). No início do show "México Espetacular" que assistimos no Xcaret, é jogada uma partida e deu pra ter uma noção do quão difícil era aquele esporte. Essa prática ia muito além do lazer, sendo um esporte que envolvia sacrifícios ao final da partida. Segundo o guia, o melhor jogador do time vencedor, ao final, era degolado. Ao contrário do que você está pensando, essa era uma forma de glória enorme, já que ele teria a oportunidade de pedir aos deuses para que mandassem chuvas. Esse era o principal motivo dos sacrifícios feitos nas sociedades pré-colombianas, e uma das razões para seu declínio. Confesso que não achei fontes históricas para comprovar essas informações, mas seguimos acreditando no que foi transmitido pelo guia.

As laterais do campo são adornadas com as representações gráficas do jogo, com a disposição dos jogadores e a decapitação de um deles ao final.

Para quem quer comprar artesanato, o corredor de entrada da bilheteria até o sítio arqueológico tem uma série de barracas com preços bem mais amigáveis do que a lojinha na qual o tour parou para o almoço. Aproveite para pechinchar antes da próxima parada.

Pouco mais de 5km separam Chichén Itzá do cenote Ik Kil. A estrutura do cenote é boa, com armários, restaurante, duchas e banheiros amplos. A visão da água, quando chegamos, é de um grande poço escuro. O cenote em si fica localizado a 26 metros abaixo do nível do solo e tem 40 metros de profundidade. Por maior que seja o seu preparo para a natação, recomenda-se que alugue um colete salva-vidas, já que o cenote é muito profundo. Na descida toda em pedra até a água, você vai passar por dois mirantes, que dão um gostinho do que está por vir.

A visão superior ao chegar no cenote Ik Kil. Não é possível saltar lá de cima, mas em competições profissionais, esses saltos já foram realizados. Tem coragem?

A não ser que você vá por conta própria e chegue lá bem cedo, quando os ônibus de turismo ainda não estiverem por ali, essa vai ser a sua visão do Ik Kil: cheia de gente! A água é bem gelada, perfeita para refrescar o calor escaldante que fazia naquele dia. Existem alguns pontos de onde as pessoas podem pular, e formam-se algumas filas para quem se aventura. Se de cima o cenote parece escuro, uma informação assustadora é que a água é cristalina. O que dá a aparência de ser tão escuro é a profundidade dessa água, e quando nos demos conta disso, confesso que deu um gelinho na espinha.

 Quando descemos, essa é a visão do cenote que temos.

Definindo a experiência em quatro palavras: muito fundo, muita gente kkk

Nadamos um pouco e logo subimos para não descumprir o horário combinado com o grupo. Para quem for visitar o local (ou outros cenotes), não esqueça de levar uma toalha e uma muda de roupa seca para não precisar fazer todo o trajeto de 200km de volta com roupas molhadas e no ar condicionado. Vai ser difícil combinar esse bate e volta com alguma programação noturna em Cancún, pois o dia é bem cansativo.

Valeu muito a pena a aula de história que tivemos, e o contato com mais um cenote, o terceiro da nossa viagem. Nosso roteiro por Cancún e Playa del Carmen ainda não acabou! No próximo post vamos contar como organizar um dia por conta própria em Isla Mujeres.

Até lá!

Maíra

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